Samba-de-Roda do Recôncavo Baiano



EMISSÃO : 15/08/2005 - Salvador/BA
IMPRESSÃO : Casa da Moeda do Brasil

ARTE : Edital nr 14 - Anderson Moreira Lima
PROCESSO DE IMPRESSÃO : Ofsete - Folha 30 selos - Papel Cuchê Gomado
DIMENSÕES : 40mm x 30mm - Picotagem 11,5 x 12 - área 35mm x 25mm
TIRAGEM : 2.000.010 selos
VALOR FACIAL : R$ 0,55

A imagem do selo compreende, em primeiro plano, uma dançarina baiana, no centro da roda, dançando, com movimentos livres, o Samba-de-Roda. Usando vestido típico, colares e lenço na cabeça, a dançarina demonstra o estilo gracioso dessa modalidade de samba genuinamente brasileiro. Em segundo plano, estão as demais sambadeiras e os tocadores, embalando a dança com os instrumentos: atabaque, viola, pandeiro, prato e faca, em formação circular típica. Ao fundo, casas e vegetação características do Recôncavo Baiano. A técnica utilizada na criação do selo foi ilustração com lápis de cor e tinta óleo.

O Samba-de-Roda no Recôncavo Baiano - Um tesouro brasileiro
O Samba-de-Roda é uma das referências do samba brasileiro, presente nas obras de poetas como Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso e, também, nas alas das baianas das escolas de samba e nas letras de inúmeros compositores de todo o país. O poeta Vinícius de Moraes sintetizou, com extrema felicidade, a origem do samba brasileiro, seu compromisso com a herança africana e as contribuições que lhe foram trazidas pela cultura européia, ao dizer que o samba nasceu lá na Bahia e se hoje é branco na poesia, ele é negro demais no coração.... Manifestação cultural, popular, musical, coreográfica e poética, o Samba-de-Roda acontece no Estado da Bahia, particularmente na região do Recôncavo Baiano, que concentrou, no passado, ricas culturas de cana-de-açúcar e fumo, além de se constituir em via de escoamento da produção agrícola vinda do sertão para Salvador, ou destinada a exportação.

O Recôncavo Baiano contorna a Baía de Todos os Santos e reúne 33 municípios, nos quais são desenvolvidas atividades tradicionais como a agricultura de subsistência, artesanato, pesca e secagem de camarão e coleta de mariscos. Associada a esse modo de vida, a cultura tradicional se mantém com festas de santos católicos, consumo de alimentos como o caruru, a moqueca, o vatapá, o efó, o xinxin, e por meio de folguedos, como os reisados, os ranchos e os bumbas-meu-boi. Nesse cenário, o Samba-de-Roda se destaca como uma espécie de denominador comum, permeando as atividades econômicas, religiosas e lúdicas, se inscrevendo no que se pode chamar de complexo cultural afro-baiano tradicional. O samba desenvolve-se em uma roda composta pelos participantes que cantam, tocam e batem palmas, reservando-se um espaço no meio para as evoluções da dança. De caráter essencialmente lúdico, o Samba-de-Roda não tem data nem local para acontecer. Associa-se, muitas vezes, ao calendário religioso, ocorrendo dentro de casa ou ao ar livre, em um bar, praça ou terreiro de candomblé.

O mais importante instrumento de acompanhamento do Samba-de- Roda praticado no Recôncavo é a viola. Produzida artesanalmente, com um pequeno talhe e timbre agudo, o machete é a viola típica desse samba. Seu substituto mais comum, de fabricação industrial, é a chamada viola paulista, que tem cinco ordens de cordas duplas, sendo as três mais graves oitavadas e as duas mais agudas afinadas em uníssono.Outros instrumentos de corda, quando não há viola disponível, podem ser utilizados, sendo o bandolim o mais comum. Cavaquinho e violão também são empregados, juntamente com a viola, ou como seus substitutos. Instrumentos de sopro são utilizados algumas vezes, especialmente a sanfona de oito baixos, muito empregada no norte do Recôncavo para acompanhar o samba-chula. Nessa mesma região verificou-se, ainda, o uso do realejo ou da gaita-de-boca.

Uma equipe constituída pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional visitou 22 localidades situadas em 18 municípios do Recôncavo Baiano para realizar um levantamento etnográfico cujo objetivo foi a elaboração do Registro e o envio a Unesco da candidatura do Samba-de- Roda a Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.

FONTE : Correios do Brasil e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

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