.·.·'¯`·.·.(¯`·._.·[ SOLSTÍCIO DE INVERNO ]·._.·'¯).·.·'¯`·.·. ... :: MITOLOGIAS AGRÁRIAS :: ... O Inverno simboliza a morte. O Culto dos Mortos, que nas sociedades hedonistas Ocidentais é mantido quase ignorado, tinha um sentido completamente diferente no passado. Cria-se que os mortos continuavam um outro tipo de vida, de onde protegiam os seus. Era entendido que habitavam um departamento (o subsolo) onde se passava o mistério da transformação das sementes em plantas e frutos (morte e ressurreição). A eles era pedida a protecção das sementes, bem precioso para a sobrevivência das populações agrárias. Pensava-se também que eles aconselhavam os vivos, por isso eram sepultados na proximidade e por vezes dormia-se sobre a sua campa para os “ouvir”. O simbolismo do Inverno, embora compreendendo a morte, está sempre ligado à vida. Nos seus rituais e junto dos locais onde repousam os mortos era vulgar encontrar, paralelamente, formas de erotismo, que se julgava poderem ser estimuladoras da energia vital de que estes necessitariam. Durante o mês de Novembro, e a começar no primeiro dia (o dos mortos, no calendário Celta), com o “Pão por Deus”, várias celebrações tomam este aspecto ambíguo. A de S. Martinho, que tem lugar a 11, reveste-se muito claramente de ambiguidade. Aí, os manjares rituais alternam com as bebedeiras e as brincadeiras de uma obscenidade gratuita, socialmente inaceitável fora deste contexto (mas fazendo parte do mesmo sistema de sentidos). Ritos semelhantes, onde se percebe um conceito diferente da morte, prolongam-se por Dezembro, culminando com a chegada do Solstício de Inverno e a celebração do renascimento do Menino Sol a 22 (agora Cristianizado), que os mortos são chamados a participar. ........................................................................................................................... Texto de Antonieta Costa - Angra/RJ, Julho de 2004 Referências Bibliográficas - Álvarez de Miranda, Ritos y Juegos del Toro, Madrid, 1962/1998 - Antonieta Costa, O Poder e as Irmandades do Espírito Santo, Edição Rei dos Livros, Lisboa, 1999. - Arnold van Gennep, Manuel de Folklore Français Contemporain, Paris, 1947 - James Frazer, The Golden Bough, a study in magic and religion, Library of Congress, Oxford, Great Britain, 1890/1994 - Mircea Eliade, Tratado de História das Religiões, Edição Cosmos, 1970/1977 - Wilhelm Mannhardt, Mythologische Forschungen aus dem Nachlass, Quellen und Forschungen zur Sprach- und Kulturgeschichte der germanischen Völker, Strassburg 1884, vol 51 “Germanische Mythen”, Berlin 1858 ........................................................................................................................... .·.·'¯`·.·.(¯`·._.·[www.carnaxe.com.br/historia/hist1.htm]·._.·'¯).·.·'¯`·.·.