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Resgate da trajetória do trio elétgrico





Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
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Futuro do Trio Elétrico, segundo Fred Goes
Fred Goes fala sobre Livro do Trio Elétrico

Como se explica que um carioca, e não um baiano, escreva a história do trio elétrico?
Eu sou carioca de nascimento, mas baiano de coração. Nos anos 70, quando conheci a Bahia e o Carnaval, e vi o trio elétrico de Dodô e Osmar, fiquei pirado. Perguntei para muita gente o que era aquilo. E ninguém sabia me informar. Aí, em 82, eu estava fazendo mestrado em Comunicação e resolvi usar o trio elétrico como tema. Entrei em contato com Osmar Macedo, o entrevistei, consegui todas as informações. E a tese acabou se transformando no livro O país do Carnaval elétrico, lançado pela editora baiana Corrupio. Sem esquecer que em 85 eu levei o trio elétrico de Dodô e Osmar para a França.

Como anda o novo livro, quais as fontes que você está consultando e quando pretende lançá-lo?
Estou escrevendo no Rio de Janeiro mas me mantenho plugado com Salvador, tanto que vim passar uns dias na cidade, colhendo depoimentos e consultando o arquivo de Osmar Macedo, que está sendo cuidado por Aroldo. O livro está sendo patrocinado pela Copene, através do Faz Cultura, e será lançado pela Corrupio em fevereiro, com tiragem inicial de dois mil exemplares. Ele terá 160 páginas com farto material fotográfico e acabamento de primeira.

Você falou que veio colher depoimentos. Quem você ouviu ou pretende ouvir?
No Rio eu gravei um depoimento de Moraes Moreira, que é de uma importância fundamental para o trio. Em Salvador quero colher depoimentos de Daniela Mercury, Bell Marques, Margareth Menezes, Luiz Caldas, Carlinhos Brown. Além disso trabalho com duas equipe de pesquisadores, uma no Rio, outra na Bahia.

Nesse tempo em que você está escrevendo o livro já deu para perceber como se deu a evolução do trio elétrico, do seu início até os dias de hoje?
Antes, o trio era um caminhão de som com uma porção de gente diferente pulando atrás. Hoje o trio continua sendo um caminhão de som, mas com uma porção de gente igual atrás. Os anos 70 foram os anos de glória do trio. Foi o ano da redescoberta da Bahia, com Arembepe. Foi a época em que se esvaziou o Carnaval de salão e a elite se misturou com o povo. Hoje ela tomou o lugar do povo e sai às ruas cercada (NR: referindo-se aos blocos de corda).

Hoje se discute muito a qualidade da música baiana que começou no trio e se transformou em axé. O que foi que aconteceu?
Na verdade, Dodô e Osmar saíram às ruas para tocar o frevo com guitarra baiana e criaram o som característico do trio, que hoje você só ouve no trio de Armandinho, Dodô e Osmar. Quando tiraram a guitarra baiana e colocaram o teclado, aí virou axé music.

Reza a lenda que Dodô e Osmar inventaram a guitarra mas quem a patenteou foi Gibson. Até que ponto isto é verdade?
Em 1942 Dodô e Osmar já tocavam o pau elétrico. Na verdade a guitarra elétrica não tem pai. Ela é o resultado de várias pesquisas. Aí o Gibson, que também era um pesquisador, patenteou como sua a invenção. Mas Dodô e Osmar já tocavam guitarra antes dela existir como é conhecida atualmente. Se eles patenteassem, teriam a glória. mas eles jamais pensaram nisso.

Mas o nome trio elétrico, pelo menos, pertence a eles?
Trio elétrico virou nome genérico e pelo que sei, nomes genéricos não podem ser patenteados.

Apesar de Dodô e Osmar serem criadores do trio elétrico, tem um outro nome de muita importância na história dessa invenção que praticamente nunca é citado, ou seja: Orlando Campos, ou Orlando Tapajós. Você o cita neste livro?
Claro. Desde o livro anterior eu falo de Orlando. Quando Osmar ficou viuvo, ele saiu do Carnaval, vendeu o caminhão para Orlando, que segurou a onda durante os anos 60. Inclusive foi Orlando quem nacionalizou o trio. Foi ele quem padronizou o tamanho dos trios junto ao DNER para poder viajar e fazer as micaretas. Hoje ele é construtor de trios.

Qual o futuro do trio elétrico?
Mesmo com a onda do axé, do pagode, o trio sempre vai existir. Trata-se de uma invenção única, que tem muito a ver com a Bahia que tem uma cultura carnavalizada, desde os tempos de Gregório de Matos. Na Bahia, tudo é exuberante, as cores são fortes, a luminosidade é impar. É na Bahia onde tudo se mistura. Veja que só o fato de Dodô ser negro e Osmar branco, e os dois terem inventado o trio elétrico, é o próprio exemplo da interação racial.

Fonte: Osmar Martins, Folha da Bahia - Outubro 1999


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