No início de janeiro, Salvador começou a vestir a fantasia de Carnaval. Pouco a pouco, 3.017 luminárias de vapor metálico foram instaladas em toda a cidade - só os principais corredores da festa ganharam 2.664 de 250 watts cada, além de 353 projetores de luz. Duzentos e quarenta camarotes da prefeitura foram espalhados por 25 quilômetros de ruas que serão interditados para reverenciar a passagem de 107 trios elétricos. Em seis dias de festa ininterrupta, cerca de 800 mil turistas assistirão ao desfile dessa invenção que está completando 50 anos. Sem o trio elétrico o Carnaval da Bahia não seria o que é.

Um dos temas do Carnaval deste ano é justamente o aniversário do trio. Além disso, os filhos de Osmar, um dos inventores do aparato, lançaram o CD O Jubileu de Ouro - O Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. E o livro 50 Anos do Trio Elétrico, de Fred Góes, conta a história do trio.

Dodô era técnico em eletrônica, e seu instrumento era o violão. Osmar, especialista em cavaquinho, era ótimo para resolver todo tipo de problema mecânico. Os dois assistiram, fascinados, à passagem por Salvador do conjunto de metais Vassourinhas, do Recife, pouco antes do Carnaval de 1950. A dupla não perdeu tempo. Em cima de um Ford 1929 - uma "fobica", como eram chamados os calhambeques no Nordeste -, Dodô e Osmar resolveram imitar o Vassourinhas e saíram tocando frevo pelas ruas no domingo do Carnaval de 1950. Usavam instrumentos híbridos, apelidados de "pau elétrico", inventados por eles mesmos alguns anos antes. Os braços eram dos instrumentos originais, mas a corda fora estendida em pedaços maciços de jacarandá para evitar ruídos de microfonia. Com esses objetos exóticos, os dois arrastaram os foliões pelas ruas em 1950. O Carnaval da Bahia jamais seria o mesmo.

Lançamento do CD O Jubileu de Ouro - O Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar pela Gravadora Sons da Bahia, Preço médio= R$ 22,00.