Homem vestido de "Mulher"
É comum no Brasil, ver no Carnaval um Homem vestido de "Mulher". Não estamos falando de opção sexual ou de gênero e muito menos desrespeitando os Lgbtqiapn+.
Mas sim, estamos ressaltando os Homens que usam roupas e acessórios femininos como FANTASIA CARNAVALESCA.
No Brasil, blocos de vários estados, levam a sério essa tradição no Carnaval.
Mas será que essa brincadeira existe em outros países? Vamos desvendar a história carnavalesca...

Gnaga, Ilustração de Giovanni Grevembroch
gnaga
Existe uma tradicional fantasia de Homem disfarçado de mulher, em um dos Carnavais mais famosos do mundo: em Veneza, na Itália.
Em outros Carnavais eram chamados de GNAGAS. Eles faziam seu show no Carnaval de Rua - geralmente um homem disfarçado - fingindo serem camponesas ou babás.
A máscara de Gnaga cobre até o rosto, deixando a mostra a boca e o queixo.
Com o passar do tempo, as máscara de Gnaga passaram a ser de Gatos ou Porcos e foram usadas no Carnaval de Veneza, por outros motivos, mas aqui, não vamos entrar no mérito.
As vezes os Gnagas exageravam na brincadeira e acabavam arrumando briga. Segundo Roberto Delpiano, "Há registros de que, em 04 de maio de 1740, um Gnaga exagerou um pouco ao provocar um grupo de turcos e quase foi morto,
o sujeito teve que fugir da cidade, pois os turcos estavam se preparando para atirar nele". (01)
carnaval brasileiro
No Brasil, essa brincadeira no carnaval é comum. No Distrito Federal, o mais conhecido é Bloco Gagávião, fundado em 20 de junho de 1959. A cada carnaval, o bloco faz um concurso para eleger a "Rainha das Piranhas", onde homens competem pela melhor fantasia feminina.
O "Concurso Rainha das Piranhas" é uma brincadeira realizada dentro do bloco de carnaval Gagávião, no Cruzeiro,
onde homens se vestem com roupas femininas e perucas, competindo para ver quem melhor se diverte e incorpora a personagem.
Criado em 1937, o Bloco do Zé Pereira é destaque no Goiás. Já no Piauí, a alegria e descontração fica por conta do Bloco das Corrupenbas.
carnaval de Salvador
No Brasil, na cidade de Salvador, no Carnaval de outrora, dentre as categorias de blocos, existia a de "Blocos Travestidos".
Tamanho o sucesso dessa brincadeira de grupos espaçados de homens vestidos de mulher acabou multiplicando e acabou virando "Blocos Oficiais".
A cada carnaval os blocos definiam temas, e as fantasias eram confeccionadas pelos blocos (até hoje). Para complementar a fantasia, alguns Homens
colocavam cílios e até unhas postiças. E muitos deles levavam resolveres de água, para apimentar a bagunça.

Crédito: As Muquiranas - Carnaval de Salvador 2018
Dentre os blocos que se destacavam eram: "As Derrubadas do Garcia", "As Dondokas", "As Gostosas", "As Kengas", "As Kuviteiras", "As Muquiranas",
"As Nigrinhas do Garcia", "As Safadinhas", "As Sapatonas" e As Vassoras".
Os Blocos que se mantiveram através dos tempos foram AS KUVITEIRAS (Criado em 1986) e AS MUQUIRANAS (Criado em 1965).
Fantasias e Máscaras coloridas se misturam entre o sagrado e o profano dos
CURUCUCUS e dos ZAMBIAPUNGAS.
Tudo junto, tudo misturado no desfile dos LA URSAS, PAPANGUS e FOFÕES.
Circulando entre as páginas da história carnavalesca brasileira com os MANDÚS, CAIPORAS
e CARETAS.
Abram alas aos CAPABODES, JOÃO BANANEIRO e TABAQUEIROS
referências bibliográficas
- Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
(01) DELPIANO, Roberto - Italian Carnival - Gnaga
- GNAGA (século XVIII) Giovanni Grevembroch - Museo Correr, Veneza