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 ... :: MITOLOGIAS AGRÁRIAS :: ...


O evento de relevo que se segue insere-se já nas magias relacionadas com a aproximação do Inverno, cuja simbologia principal é a da morte. 
A mística da água destaca-se, na introdução deste período, por ser um elemento de ligação entre a vida e a morte, símbolo da dissolução no 
nada, e também, paradoxalmente, uma ligação com a vida, visto ser da água que esta surge. 

A ambiguidade do símbolo condiz com o sentido atribuído à morte. Deste modo, era usual proceder-se em Agosto, em datas precisas (14 e 29), 
aos banhos sagrados, em tanques, rios ou mar. Ainda hoje em dia podem ser observados em Portugal continental, em S. Bartolomeu do Mar, 
entre outros locais, verdadeiras romarias para o “banho sagrado”. 

A imersão na água funcionava como um mimetismo da morte, de onde se pretendia retornar à vida puros, livres dos males e pecados. 
Nos Açores, esta mística também existiu, mas foi gradualmente transformando-se no que agora se designa como as “Festas do Mar”, 
eventos de grande envergadura, realizando-se em sequência umas às outras, em Santa Maria, Faial e Pico, sempre próximo da data original.
 
Embora com rituais diferentes, parecem reproduzir parte do sentido mítico de outrora, principalmente pela sua localização (no mar), pela
natureza de “peregrinação” que mantém, arrastando milhares de pessoas de ilha para ilha, e principalmente pelas datas de realização, que 
funcionam aqui como o “fóssil”, ou resíduo do passado. 


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Texto de Antonieta Costa - Angra/RJ, Julho de 2004
Referências Bibliográficas 
- Álvarez de Miranda, Ritos y Juegos del Toro, Madrid, 1962/1998 
- Antonieta Costa, O Poder e as Irmandades do Espírito Santo, Edição Rei dos Livros, Lisboa, 1999. 
- Arnold van Gennep, Manuel de Folklore Français Contemporain, Paris, 1947 
- James Frazer, The Golden Bough, a study in magic and religion, Library of Congress, Oxford, Great Britain, 1890/1994 
- Mircea Eliade, Tratado de História das Religiões, Edição Cosmos, 1970/1977 
- Wilhelm Mannhardt, Mythologische Forschungen aus dem Nachlass, Quellen und Forschungen zur Sprach- 
 und Kulturgeschichte der germanischen Völker, Strassburg 1884, vol 51 “Germanische Mythen”, Berlin 1858 
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