Símbolo do Carnaval é plágio
Coincidência ou safadeza?

   

Na página 157 do livro American Corporate Identify 2002, de autoria de David E. Carter, da editora norte-americana HBi, está a marca-símbolo oficial do Carnaval-2004, de Salvador. Ao contrário do que foi divulgado pela Emtursa (Empresa Municipal de Turismo), não se trata de uma obra inédita do artista plástico Marco Antônio Fróes Marcelino, 42 anos, vencedor do concurso, realizado no final de outubro do ano passado, e que envolveu 236 candidatos de todo o País, que apresentaram 146 trabalhos.
O símbolo, o mesmo utilizado pelo artista plástico e que hoje já está nas ruas do circuito do Carnaval 2004, reproduz a logomarca da Telluride Foundation, entidade beneficente que tem sede no Estado do Colorado, nos Estados Unidos, e que existe desde o ano 2000. Na reprodução, estão as quatro figuras de mãos dadas, simbolizando uma dança de roda. Foram mudadas apenas a ordem das cores, que, em vez de obedecer a seqüência verde, amarelo, azul e vermelho, usa a ordem vermelho, azul, verde e laranja.
A logomarca da Telluride Foundation (www.telluridefoudation.org) foi elaborada pelo designer Mark Jasin, da agência Comm Arts Inc, e está patenteada nos Estados Unidos desde 2000. À obra do artista plástico vencedor do concurso da prefeitura foram acrescentados o piso, em formato de uma bandeira brasileira, em duas tonalidades de azul e amarelo, e confetes coloridos que dão a idéia de um baile carnavalesco. “É uma mera coincidência”, se defende Marco Antônio Fróes.
A presidente da Emtursa, Eliana Dumêt, que organizou o concurso, se mostrou surpresa com a descoberta. “Estou estarrecida, chocada, pois é uma situação que extrapola quaisquer explicações”, disse. Preocupada com a repercussão negativa para o Carnaval de Salvador, ela tratou de esclarecer que, se comprovada a fraude, a prefeitura ficará na posição de vítima. “Se comprovada, não só a prefeitura está sendo lesada, mas todo o povo baiano, pois é a imagem do Carnaval que estará sendo maculada”, disse.
Ontem mesmo a assessoria jurídica da Emtursa instalou uma comissão de inquérito. O advogado da empresa, Evânio Antunes Coelho Júnior, explicou que o artista plástico será convocado para depor e, se for comprovada a fraude, terá que devolver o dinheiro (R$ 9 mil) da premiação.
Eliana Dumêt disse que, caso a prefeitura seja acionada pela empresa detentora da logomarca, atuará como vítima. Isso porque o concurso foi de âmbito nacional, com a participação de entidades como a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) e do Conselho Municipal do Carnaval, formado por representantes de várias entidades públicas e privadas. “Numa das cláusulas contratuais, a responsabilidade, em caso de contestação da autoria das obras apresentadas, caberá ao autor”, explicou Antunes


Fonte: Adilson Fonsêca- fev 2004


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