Ivete Sangalo participa do Rock in Rio Lisboa II
Reportagem do jornal português

Lisboa - A cidade de Lisboa está a poucos dias de receber a segunda edição do «maior evento de música do mundo». O Rock In Rio 2006 promete muita inovação e qualidade no trato com os seus visitantes, que, durante cinco dias, vão ver subir aos palcos do festival vários nomes da música internacional. Em quatro edições realizadas até agora, no Rio e em Lisboa, ao todo, mais de três milhões de pessoas visitaram a cidade do rock.
Para este ano, a expectativa é de que cerca de 70 mil pessoas visitem, por dia, a cidade do rock, que conta, actualmente, com um investimento na ordem dos 25 milhões de euros.
A poucos dias do início da festa, o empresário Roberto Medina, idealizador do festival, falou-nos do motivo da escolha da capital portuguesa para ser sede do evento, assegurando que Portugal «tem características de turismo absolutamente adequadas». para receber o Rock In Rio. Os preparativos finais dão já forma ao cenário da música que vai embalar os fãs desta e de outras gerações amantes da música além-fronteiras.

Por que decidiu trazer o festival para Portugal?
Acho que a resposta correcta seria: por que não Portugal? Este país tem características de turismo absolutamente adequadas ao que queremos.
O primeiro ano em Portugal foi uma experiência. Queríamos criar um padrão internacional para o evento. E conseguimos!

Que vantagens a realização deste festival traz para a cidade que o acolhe?
O evento tem muito a ver com a divulgação da marca do nome da cidade, já que é transmitido para mais de 50 países. O impacto económico que ele gera sobre essas cidades é enorme. No Rio, por exemplo, houve um aumento de negócio, perto dos 350 milhões de dólares na época do Rock In Rio. Aqui em Portugal, ainda não tenho esses números, em relação a 2004. Mas acho que, pelas características da região, como o clima, hospitalidade, tranquilidade do povo, entre outras, Lisboa tem todas as características para ser sede do evento não, eventualmente, mas, permanentemente. Tanto que eu pretendo que, em 2008, o festival volte a Portugal. E que tenha um lugar fixo aqui na Europa.

Então, o Rock In Rio assume, hoje, uma faceta internacional?
Na minha opinião, o Rock In Rio nasceu com uma estrutura já internacional. Há vinte anos, o primeiro Rock In Rio foi o maior evento do mundo e, até hoje, segue sendo. Naquela época, recebemos 380 mil pessoas, no Rio de Janeiro. Ele já nasceu com uma megaestrutura, que, para se manter, precisa ser anunciado durante muito tempo. Não podemos anunciar o projecto um mês antes da data de início e depois aparecer com uma banda e pronto. O patrocinador precisa estar presente durante um longo tempo no mercado. O Rock In Rio não nasce da megalomania do seu produtor. Ele nasce da necessidade. Por ter toda essa estrutura, ele nasce já com o shape de um projecto mundial. Acho que ele é internacional por natureza.

Mas continua a ser uma marca?
Ele deixou de ser, no segundo Rock In Rio, uma marca de uma cidade. Ele passou a ser uma marca própria. Por isso, mesmo estando em outra cidade, não mudo o nome do festival. Se Woodstock saísse do Estados Unidos e viesse para Portugal, manteria o mesmo nome.

Há já outros destinos para o evento?
Sim. Em fevereiro de 2008, vamos levar o festival a cidade de Cape Town e a Sydney. (...) Decididamente, vamos explorar outros passos, mas tendo sempre Portugal como uma base permanente. Há, ainda, outros países na lista para receber o Rock In Rio, mas não posso revelar quais são, pois estamos ainda em negociação.

Acha que Portugal pode ser uma porta de entrada para o festival conquistar a Europa?
Em 2004, em Portugal, o festival foi muito positivo. Lisboa, que é o mercado primário do evento, recebeu pessoas de todo o País, e também contou com público de outros países, como a Espanha. Tendo em conta que a grande Lisboa tem 1 milhão e 200 mil habitantes e que o Rio tem sete milhões, proporcionalmente, o evento foi maior aqui, já que contabilizamos 380 mil pessoas no recinto. Os números que conseguimos em Portugal são impressionantes. Foi assim que, em Portugal, conseguimos criar um padrão europeu para o festival.

Que adaptações o festival teve que sofrer em Portugal?
Procurei utilizar o modelo do Brasil. Mas algumas coisas aqui funcionam melhor. Por exemplo, a questão da limpeza da cidade do Rock, no Rio, depende de uma estrutura gigantesca, pois as pessoas não jogam o lixo nos locais adequados, mas sim no chão. Aqui essa questão é muito mais fácil de se controlar. Aliás, todos os projectos ficam mais fáceis de serem controlados em Portugal do que no Brasil, pois os brasileiros são mais irreverentes.

E qual é o segredo do sucesso do Rock In Rio?
A razão do sucesso do festival são os detalhes, tais como a limpeza e a simpatia no atendimento ao público. Procuramos sempre o máximo da qualidade. Por exemplo, as pessoas comem um sanduíche que a gente testa centenas de vezes, a cerveja chega dois minutos depois de ter sido pedida, as filas são menores, pois há uma grande estrutura. Outro exemplo são os cuidados com a segurança dentro do recinto e com a estrutura nos arredores da cidade do rock, pois se alguém fica preso no trânsito durante nove horas, como é o caso de Woodstock, a pessoa chega irritada ao recinto. Se alguém bebe algum refrigerante que custa 15 dólares, você aumenta a irritação, e se o som não está bom, mais irritadas as pessoas ficam. Se esses detalhes não forem resolvidos, aí começamos a ter problemas. Mas se o trânsito estiver perfeito, bem estudado, com orientações de como aceder ao local, isso caracteriza segurança.

E como está a ser preparada a segurança no local?
O que mil policiais fazem num local onde há 250 mil pessoas? Nada. A segurança são várias vertentes. As pessoas ficam desarmadas, de bem com a vida. Em suma, a segurança de um festival é fruto de um conjunto de acções.

O Parque da Bela Vista já está preparado?
Este ano, a cidade do Rock vai estar mais bonita. O palco, que tem 30 metros de altura, está lindo. A tenda electrónica também está maravilhosa. Vai ter uns tubos brancos com uma luz diferente, uma névoa de água que, junto com a luz, cria um efeito pouco visto. A parte visual vai estar muito melhor do que há dois anos.Uma das novidades vai ser a existência de um espaço destinado às crianças, pois, em 2004, foram muitas as famílias que visitaram o festival. Havia mães com carrinhos de bebés, e agora elas vão ter onde deixar os seus filhos despreocupadas.A outra novidade é a presença de uma pista de neve no recinto, o que vai fazer a diversão do público.

E como está a ser implantado o projecto social em Portugal?
Neste momento, abrimos cerca de dez salas de recreação para crianças com problemas visuais. Estamos também plantando 30 mil árvores em Portugal, no âmbito de um projecto chamado Carbono Zero.

Algumas pessoas reclamam que, este ano, os nomes que vão actuar nos palcos do festival não têm a mesma qualidade de há dois anos. Como são escolhidas as bandas?
É obvio que não podemos agradar a todos os gostos. Para chegar ao casting do Rock in Rio, fazemos uma pesquisa de opinião. O primeiro passo é contactar os parceiros, rádios, televisão, com o objectivo de saber qual é a tendência actual do mundo da música. Depois, a comissão do festival realiza uma pesquisa com 1200 entrevistas, de uma hora e meia, na casa das pessoas, onde procura entender o que elas preferem.Não pensamos somente num público específico. Pensamos em como atender a família em geral, e essa é uma grande diferença do Rock in Rio em relação a outros festivais. Nós não somos um evento de 20 mil pessoas, mas sim de 400 mil. Para chegarmos a atingir essa massa temos que agradar as diversas tribos com diversos estilos. Então, se analisarmos o casting deste ano, acho que o cartaz é muito melhor do que em 2004. As vendas estão mais de 20% superior ao ano passado, o que prova que as pessoas conheceram e entenderam o evento, que é uma autêntica festa e não somente a apresentação de uma banda. As nossas pesquisas provaram que, em Portugal, 49% das pessoas foram ao Rock in Rio para assistir a algumas bandas, mas 50% foram pelo motivo da festa. Ou seja, a banda é apenas um ingrediente.

Tem algum grupo que não tenha conseguido trazer aos palcos da cidade do Rock?
A única banda que eu tentei trazer e que não consegui foi Metallica. Mas consegui todos os nomes que queria.

O que as pessoas podem esperar deste festival?
Muita qualidade, um cenário mais bonito e um projecto visualmente melhor.

Para terminar, qual é a sua opinião em relação a Portugal?
Acho que os portugueses ainda não descobriram Portugal. Quando falamos de outros países, os portugueses pensam sempre que somos pequenos. Mas não é verdade. Somos do tamanho que o sonho da gente quiser. Embora não tenha raízes familiares em Portugal, acho que este País é muito especial. E foi por causa do Rock In Rio que conheci Portugal, já que nunca havia estado aqui antes.Fui procurado por um empresário português durante anos, que sempre me convidava para realizar o evento em Portugal. Até que um dia interessei-me e, num momento, achei que deveria internacionalizar o festival. Por isso, aqui estou. Vamos para o segunda edição. E espero poder ter este evento aqui a cada dois anos.


Fonte : Central Daniela Mercury - Maio 2006


enviar para um amigo  Envie para um amigo        imprimir        Volta

www.carnaxe.com.br