DJs inauguram nova cena no Carnaval de Salvador

A Praça Castro Alves vai abrigar MCs, grafiteiros e breakes, além do Hip Hop nos seis da folia baiana

O Hip Hop com seus MCs, grafiteiros e breakes, e a música eletrônica com sua diversidade de ritmos, entram oficialmente no Carnaval da Bahia. Em 2007, a festa mais democrática do planeta abre espaço para os dois movimentos que vêm ganhando força em Salvador, através de um projeto da Emtursa e Fundação Gregório de Mattos (FGM) para recuperação do Carnaval na Praça Castro Alves. A idéia do projeto Hip Hop + Música Eletrônica no Carnaval da Bahia para revitalizar a Praça do Poeta é fazer pulsar uma nova sonoridade no ambiente que até o final dos anos 90 era palco de dimensões grandiosas da folia baiana, como o encontro de trios que reunia foliões de blocos e pipocas. Os grupos de Rap Quilombo Vivo e Afro Gueto e os DJs de Rap Bandido, Poeira, Leandro e Edílson são alguns nomes da grade de atrações do programa que vai rolar de quinta a terça-feira de Carnaval, a partir das 18h, em palco montado ao lado do Palácio dos Esportes. O projeto, que envolve 24 djs da cena local, terá a participação efetiva de comunidades da periferia de Salvador, onde vem se desenvolvendo a cultura Hip Hop. Os organizadores anunciam a apresentação de 75 rappers, dez grafiteiros que vão pintar o palco e seu entorno e dançarinos de break de onze bairros da cidade: Nordeste de Amaralina, São Caetano, Massaranduba, Boca do Rio, Engomadeira, Itinga, Itapoan, Cabula, Cosme de Farias e Lobato. A programação completa já está disponível no site da Emtursa: www.carnaval.salvador.ba.gov.br “A iniciativa está abrindo espaço no Carnaval para a cultura popular, principalmente a que nasce nos bairros”, pontua Fernando Ferrero, presidente da Emtursa. “É com esta perspectiva de participação da comunidade que Hip Hop + Música Eletrônica no Carnaval da Bahia pretende se consolidar como espaço definitivo dentro da folia”, preconiza o professor Paulo Costa Lima, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Para Edivaldo Bolagi, produtor cultural da FGM “ao buscar a retomada da Praça Castro Alves com esta sonoridade, estamos com um olhar para o futuro e dando um salto para a frente”, conclui. “O Hip Hop na região de Salvador está passando por um excelente momento de amadurecimento profissional, produzindo e lançando discos, divulgando suas músicas e, ao mesmo tempo, dando oportunidades aos grupos emergentes”, comenta Juno Lima, curador do segmento de Hip Hop do projeto. Diversidade de estilos “Podemos dizer que Salvador hoje, em termos de qualidade musical e diversidade de estilos de Rap, está muito bem representada e com reconhecimento nacional”, observa. Ele observa que o movimento Hip Hop avança distribuindo seus produtos através de uma malha de informação por todo o país e reunindo “uma galera que trabalha em rede”. Por tudo isso o curador aposta na iniciativa que já nasce com o destino de alcançar grandes públicos. No palco, diante do “poeta dos escravos”, os cyber poetas do Hip Hop e os amantes da cultura clubber vão se encontrar bem na hora do pôr-do-sol, tendo a Baía de Todos os Santos como cenário. Cláudio Manoel, coordenador do Pragatecno convidado para fazer a curadoria do segmento de Música Eletrônica do projeto, diz que nas pick ups dos Djs, a programação vai começar com downtempo (um tipo de música com ritmo, mas desacelerada) e ao longo da noite os diversos segmentos da música eletrônica vão se revezar no palco da praça: house, drum and bass, black, rap, eletro, tecno, break e samba rock. A iniciativa de realizar o projeto Hip Hop + Música Eletrônica vem consolidar uma tendência dos últimos carnavais da capital baiana, onde a cena carnavalesca (que se alimentava da produção dos afoxés, blocos afros, grupos de reggae, samba e axé) vem propondo novas formas organizadas e espontâneas de experimentação cultural. “Artistas de outras tendências passaram a utilizar o talento de DJs para dar um novo colorido às suas composições ou para fazer versões dançantes de seus sucessos, fato que já vem acontecendo nos últimos carnavais, onde DJs participam da festa não somente como acompanhantes de músicos e estrelas, mas como atração principal”, lembra Paulo Roberto um dos autores da idéia.


Fonte : Ascom/FGM - 12 Fevereiro 2007


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