Centro Cultural Plataforma abre suas portas após 14 anos de protestos
Secretaria de Cultura da Bahia - Ano I - Nº 15

Governo da Bahia devolve ao subúrbio ferroviário seu espaço cultural, depois de concluir a reforma e instalar mobiliário e equipamentos técnicos. Governo passado inaugurou a obra com o Centro Cultural sem condições de funcionamento. Após 14 anos de protestos, o Subúrbio Ferroviário reintegra à sua vida cultural um espaço que simboliza a luta do movimento social: o Centro Cultural Plataforma, com capacidade para 200 pessoas e infra-estrutura de som, luz, projeção de vídeo, além de quatro salas de ensaio. O Centro finalmente abriu suas portas no sábado (9 de junho), com a participação de mais de 20 organizações que constituem o Fórum Comunitário do Subúrbio, que vem se reunindo quinzenalmente desde fevereiro de 2007 para a gestão participativa do equipamento cultural, junto com a Fundação Cultural do Estado. Na platéia, moradores, autoridades e lideranças comunitárias vibraram com o novo espaço, assistindo a peça "Descobrindo o Brasil" do Grupo É ao Quadrado, do Alto do Cabrito, e o espetáculo de dança "Dialetos" do grupo Herdeiros de Angola, de Plataforma. “Essa noite é muito importante, é uma conquista para a comunidade. A gente precisava de um espaço para abrigar e mostrar a riqueza que tem os muitos grupos culturais de Plataforma”, disse Julieta Ferreira, 70 anos, que nasceu e mora até hoje em Plataforma. “Estou feliz, espero participar de eventos, dos cursos e fazer teatro”, disse Lorena Carolina, 15 anos, moradora e atriz do grupo Outra Metade.
Essa é justamente a proposta do Centro Cultural de Plataforma. “A reabertura deste Centro é resultado de muitas conquistas e, portanto, vai funcionar como um espaço de liberdade, de discussão e de exercício do artista, cuja função é ser ao mesmo tempo espelho e antena da sociedade”, afirmou o secretário estadual de Cultura, Marcio Meirelles, na solenidade de reabertura.

Prioridade do Governo
Apesar do governo passado ter simulado uma reinauguração em dezembro último, o Centro não foi aberto porque havia pendências na obra de reforma e também não tinha mobiliário e nem funcionários. Tão logo foi instituída a Secretaria de Cultura no Governo Jaques Wagner, essa foi uma das prioridades. “Logo em fevereiro, começaram as obras de intervenção no prédio para solucionar os problemas de infiltrações, instalações elétricas, além de problemas no equipamento de iluminação cênica, na conexão do projetor multimídia e finalização das instalações de combate a incêndio”, informou a coordenadora de Equipamentos Culturais da Fundação Cultural, Luciana Vasconcelos. Os móveis e equipamentos técnicos foram adquiridos mediante licitação pública pela Fundação Cultural, que também fez a seleção de funcionários entre os técnicos qualificados que moram em Plataforma ou no entorno.
Durante todo o processo de reforma do Centro, foi instalada uma gestão participativa com os grupos socioculturais do subúrbio ferroviário para uso do espaço. O resultado é que a abertura do Centro acontece com o Projeto Plataforma Cultural – um mês de atividades diversificadas nas áreas de cinema, dança, teatro, música, oficinas e palestras, com a participação de 32 grupos e organizações culturais do subúrbio, todas com entrada franca. O Centro Cultural Plataforma fica na Praça São Braz, em Plataforma. Tel: 3218 8351. A programação cultural está disponível na Agenda Cultural, no site www.funceb.ba.gov.br

Espaço de troca e desenvolvimento
O Centro Cultural Plataforma reabre suas portas para a inclusão da cultura do subúrbio ferroviário. Segundo o secretário de Cultura, Marcio Meirelles, “durante muitos anos, a cultura foi objeto de manipulação nesse Estado”, anunciando que “esse tempo acabou”. “Este Governo entende a cultura além das artes, como todo fazer simbólico que dá identidade a um povo”, disse. Para o secretário, “a cultura tem que ter capacidade de inclusão, é um direito como educação e saúde”, salientando que “o desafio do governo democrático da Bahia é garantir o acesso da população aos bens e meios de produção cultural e o Centro Cultural de Palataforma é este espaço para troca e oportunidade de desenvolvimento para a cultura produzida no subúrbio”.
“Esse espaço era um cinema, que agora se torna um Centro Cultural e acho que pode se tornar uma grande experiência de democratização da cultura, quebrar com a concentração das opções culturais no centro da cidade, na orla”, afirmou a vereadora Olívia Santana. Sua expectativa é de que “essa iniciativa possa de fato ser a parte da política do Estado que vise integrar a cidade, com a intenção de garantir o direito à cultura para as pessoas do subúrbio”.
“Este é o espaço que estava faltando para o subúrbio. Estamos torcendo para que o Centro seja voltado para os grupos locais, pois temos muitos grupos culturais que se organizam, fazem suas produções, mas não têm onde mostrar seu trabalho”, disse Jerri Wilson, presidente da Associação de Moradores 1º de Maio, que agrega a Filarmônica Ufberê e também grupos folclóricos.
“A comunidade tem um potencial cultural muito grande, falta é oportunidade, o subúrbio sempre foi relegado”, disse Vera Lazzaratto, também da Associação de Moradores 1º de Maio, ressaltando que “o Governo está de parabéns por reabrir o Centro Cultural de Plataforma. Finalmente o povo do subúrbio vai ter acesso à sua cultura, vai ter a oportunidade de ver a sua cara”.


Fonte : Shirley Pinheiro - 11 de Junho 2007

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