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Batidas do samba e do rap fizeram a festa do Carnaval Pipoca na segunda-feira
comentários da folia
Carnaval de Salvador 2013 - Bahia



O penúltimo dia do Carnaval Pipoca ecoou batidas de diversas expressões do samba da Bahia e do rap, ritmo que teve seu primeiro trio exclusivo no carnaval de Salvador. O primeiro a desfilar foi o trio Antigos Carnavais, na tarde desta segunda-feira, no Circuito Dodô. Ao som de samba, samba-reggae, marchinhas, frevo, ijexás, canções dos Novos Baianos, Adoniran Barbosa, entre outros compositores e ritmos que já animaram carnavais ao longo da história, o show foi conduzido pelo grupo Cama de Voz, que recebeu a Família Batatinha, representando a obra deste baiano que foi um dos maiores sambistas e mestres da Música Popular Brasileira. Também estava lá Walmir Lima, um dos mais longevos artistas da genuína música baiana, que está comemorando seus 80 anos neste carnaval, e Cláudia Cos’tta, que já tem uma carreira consolidada à frente do Cortejo Afro. Todos juntos animaram os foliões que começavam a chegar ao local e os que já ocupavam os camarotes. “Nosso trabalho resulta do saudosismo que costumamos observar nas pessoas que tiveram oportunidade de viver outros carnavais. E é um pouco disso que queremos trazer para a mistura atual”, afirmou Cláudia Cos’tta, que esbanjava simpatia e beleza a cada canção executada.

 


Já à noite, no Circuito Osmar (Centro), o trio Samba, Chula e Outras Manhas trouxe Raimundo Sodré, que levou para a avenida suas já conhecidas canções de samba-chula, unindo tradição e uma linguagem contemporânea, de teor político. Além de Sodré, o desfile contou com a participação de dois representantes da nova geração da música baiana, Mariella Santiago e Thiago Kalu. “É uma grande satisfação ver o samba na avenida, pois ele sempre existiu no carnaval. Há uma troca interessante com os outros cantores, porque eles são admiradores do meu trabalho e eu também gosto muito deles”, afirmou Sodré. “A proposta do trio é incluir todos os desdobramentos do samba no carnaval. Foi isto que me encantou e que eu ajudei a criar. Todo cantor de música popular tem como guia o samba, que se desdobra em samba-chula, samba-reggae e outros ritmos”, explicou Mariella. Lá embaixo, quem sambava sem parar era a cobradora de ônibus Daniela Santos, de 21 anos, que estava com um grupo de familiares. “A melhor coisa que tem no carnaval é o samba. Estes trios são ótimos. Eu vou seguindo até o final”, revelou a foliã.

E então veio o trio Rap Bahia, garantindo o lugar exclusivo do rap no Carnaval Pipoca, colocando o ritmo no mesmo espaço ocupado por outros ritmos já presentes na festa. O público cantou e dançou ao som hip hop contagiante do rapper baiano DaGanja. No trio, estavam ainda o DJ KL Jay, membro dos Racionais MCs, o rapper internacional Sol, vindo diretamente de Seattle (EUA), presença surpresa entre os convidados, além de mais quatro MCs da Bahia: Coscarque, Fall Clássico, Blequimobiu e Kiko. DaGanja prometeu levar “música para pensar, música para dançar e música para revolucionar”. Em cima do trio, dois MCs se revezavam em quatro toca-discos e uma mesa de som, fazendo, ao vivo, a mixagem das músicas, enquanto os outros rappers faziam rimas escrachadas, improvisadas e cheias de poesia e ideologia.

Fechando o dia, nem mesmo a chuva que caiu no Campo Grande na madrugada de segunda para terça-feira ameaçou o início do desfile e a animação do trio Samba Nosso de Cada Dia. Com a lona de proteção devidamente arrumada, era hora de tocar uma mistura de diferentes vertentes do samba, principalmente partido alto, chula e samba de roda. A festa ficou por conta do cantor Neto Balla – que prestou uma homenagem ao grupo vocal Secos & Molhados –, do Samba Chula Filhos da Pitangueira e do Samba de Roda Raízes da Angola, que levou para a avenida músicos e sambadeiras. Com o ritmo contagiante, era impossível acompanhar o desfile sem cair no samba. Das varandas, moradores que pensavam em dormir voltavam para ver o trio com palmas ritmadas. “Temos aqui duas grandes matrizes do samba da Bahia e do Recôncavo: o samba de roda e a chula, que é o lamento, a história do dia a dia do sertanejo. Além deles, eu canto um samba mais malandro. Juntos, nós estamos fazendo uma salada mista da cultura popular”, afirmou Neto Balla. Com a ideia de apresentar ao folião pipoca as características de cada divisão do samba, o trio levou clássicos do ritmo à avenida, como “Samba lelê” e “Todo menino é um rei”, além de músicas autorais, entre elas “Pensando que o céu é perto” e “Samba do bom é assim”, do cantor e compositor José Afonso Gomes, ou Zeca Afonso, do Samba Chula Filhos da Pitangueira. Para ele, a principal recompensa é “levar mais alegria ao povo”.

Criado em 2009, o programa Carnaval Pipoca tem como objetivo principal promover o contato do público com a diversidade artístico-cultural e levar aos tradicionais circuitos ritmos como rap, samba, reggae, rock, entre outros. Neste ano, 20 trios independentes e dois microtrios fazem a festa para a diversificação e qualificação dos shows apresentados nas grandes avenidas da folia. Cada um deles reúne ao menos três artistas e/ou bandas para representar suas propostas individuais e diferenciadas, selecionadas através de um credenciamento público e com a curadoria de uma comissão especializada.

QUANDO : 11 de fevereiro 2013 - SEG
PALCO : Pelourinho
ONDE : Circuito Batatinha (Pelourinho) - Salvador BA


Fonte : Carnaval Bahia Org - fevereiro 2013

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