A noite deste sábado de carnaval reuniu tambores de diferentes cantos para celebrar os 40 anos de blocos afro no circuito Osmar da folia. Entidades tradicionais como Bankoma, Muzenza e Malê Debalê levaram todo charme e beleza negra para Avenida, conduzidos pelos fortes toques percussivos.

Para com o presidente de honra do Malê Debalê, Josélio de Araújo, mais do que embelezar a cidade, os blocos pontuam um espaço reservado para a reflexão dos avanços e contribuições raciais conseguidos a partir da existência destas entidades. Ele ainda exemplifica a partir das ações que o Malê desenvolve no bairro de Itapuã, onde está sediado. “Além da educação básica, o Malê tem aulas de dança, canto e percussão, aproveitando a juventude do próprio local”, comenta Josélio. Um destes frutos é a professora de dança Valdenise Neves, mais conhecida como “Ninha”. Ela desfila no Malê Debalê desde 1988, quando ainda tinha 16 anos e entrou pra ala de dança. Em 1993 foi eleita Negra Malê, no ano do tema “Universos das Canções”. “Pra mim, não existe carnaval sem o Malê. Não sei o que seria, pois foi o Malê que impulsionou os primeiros passos desta minha profissão atual”, afirma Ninha. Este ano o Malê está celebrando 35 carnavais.
Assim como Malê, os tambores do Muzenza também balançaram a Avenida. Com a bateria composta por 120 homens e mulheres. Os percussionistas conhecidos como “guerrilheiros” agitaram o bloco que este ano desfilou com alas de capoeira e de senhoras da terceira idade, adereços e totens representativos do tema “Nação Africana”. A comunidade do bairro do Beiru também esteve presente na Avenida. O bloco Mundo Negro desfilou animado por cerca de 25 percussionistas que colocou o público para dançar aos som das canções conhecidas de outros blocos afro.