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Tema Olodum : Brasil mostra tua cara! Sou Olodum, quem tu és?
bastidores da folia
Carnaval de Salvador 2016 - Bahia



"Brasil mostra tua cara! Sou Olodum, quem tu és?", o grupo apresenta a história do povo negro e do legado civilizatório que consolidou e aprofundou as raízes do Brasil. Os Deuses, as divindades, as tribos, as nações africanas, as religiosidades, as lideranças negras brasileiras, africanas e da diáspora, são componentes indissociáveis da cultura e da formação do Brasil; do Oiapoque ao Chuí, do Cabo Branco na Paraíba às fronteiras do Acre com o Peru, o povo e a história do país serão apresentados no Carnaval do ano que vem.

O Bloco Olodum pede permissão aos Orixás e desfila em 2016, quando comemora 37 anos de desfile de Carnaval com o tema “Brasil mostra tua cara! Sou Olodum, quem tu és?” O Olodum, Bloco Afro do Maciel Pelourinho, completou 36 anos de vida no último dia 25 de abril. O artigo de hoje é uma singela homenagem a essas quatro décadas de carnaval, cultura, negritude e, acima de tudo, de um exemplo emblemático de organização social e política que, vive e sobrevive, cria e recria, atua e atualiza, inova e transforma nossa sociedade e nossa cultura, através de políticas públicas não governamentais.

 


O Olodum é muito mais que uma entidade carnavalesca: é uma das mais legitimas representantes das instituições do terceiro setor e da economia criativa e ator apartidário que se consolidou nacional e internacionalmente, como uma referência da luta pela igualdade e pela cultura da paz. Antenado com a contemporaneidade, o Olodum considera que o ano de 2015 se constituiu em um divisor de águas na história do país, mas, diferentemente do que o senso comum parece querer demonstrar, acredita que o foco dos problemas não está apenas na política partidária ou na fragilidade da gestão governamental do momento.

É óbvio que a responsabilidade da atual elite política, social e econômica que dirige os espaços de poder, nos governos e nos mercados, se constitui numa dos mais importantes catalisadoras das mazelas que foram estruturadas pela formação histórica de um estado racista e elitista, dominado por um status quo irresponsável e patrimonialista. Essa é a nossa depreensão quando nos debruçamos por sobre as mensagens que o Bloco Afro conseguiu traduzir nessas quase quatro décadas de existência, através das criações de seus compositores, performances de cantores, instrumentistas e produtores, em estreita interação com os diversos segmentos da sociedade e com a população negra e mestiça dos bairros populares, em especial.

Por isso, o Olodum sintetiza, nos três dias de apresentação na avenida, sua intervenção mais pública, através de temas que instruem, provocam e, acima de tudo, resgatam o legado civilizatório que povo negro trazido à força de África, vem imprimindo nas Américas e, especialmente, no Brasil e na Bahia. Da homenagem à Nigéria e ao Rei de Oyo de 1981 à celebração da Etiópia, a Cruz de Lalibela e ao Pagador de Promessas em 2015, o Bloco Afro Pelourinho apresenta-se como um sujeito coletivo que conta, reconta, interpreta e reinterpreta nossa história à luz de uma dimensão particular que remonta as divindades do Egito antigo, chegando até os dias de hoje, com os nossos complexos personagens dos guetos da cidade com heróis e anti-heróis de nossas comunidades, que fazem o Brasil verdadeiro e concreto, onde “sobreviver não é pra vacilão”.


Fonte : Olodum - junho 2015

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