MALANDRO a Fantasia - Origem e História . Quem é? O que é? Regate da Historia do Carnaval .::: CarnAxE
cantinho da folia


MALANDRO


Malandro é um personagem carnavalesco que estereótipo de um indivíduo carismático, criativo, esperto, astuto, não gosta muito de trabalho, frequentemente endividado, é carismático, tem um jeito peculiar de resolver suas situações, dando um "Jeitinho Brasileiro". A figura do malandro é frequentemente retratada na literatura, no samba, no teatro e no carnaval.

malandro e o samba


Capa de O MALHO, fev 1945 - Fundação Casa Rui Barbosa

Durante a década de 1920, o samba passou a ser associado à figura do malandro, ambos se consolidando como símbolos autênticos da cultura carioca.

O malandro representava o indivíduo à margem da sociedade que, por meio de estratégias nem sempre convencionais, encontrava formas de sobreviver.

Sua origem está intimamente ligada ao período pós-abolição, refletindo o cotidiano dos ex-escravizados que passaram a habitar os morros do Rio de Janeiro. Já o samba se firmava como uma das mais ricas expressões artísticas desse grupo social.

Foi nesse cenário que surgiu o arquétipo do malandro vestido com terno branco de linho, camisa listrada, chapéu de palha, sapatos bicolores e, no bolso, uma navalha - figura que logo ganharia espaço no teatro, na música, na literatura e no cinema.

As músicas retratavam diferentes aspectos de sua personalidade: em algumas, o malandro aparece como alguém que manipula situações a seu favor; em outras, demonstra desejo de mudança, geralmente motivado por um amor ou pela vontade de reconquistar a confiança de uma mulher.



Assim como o Rio de Janeiro e sua gente, o malandro evoluiu com o tempo, adaptando-se aos novos contextos sociais.

Atualmente, sua imagem perdeu parte da conotação negativa e passou a ser vista com outros olhos. Ele simboliza, hoje, a combinação rara de inteligência, astúcia e capacidade de superação.

O Malandro, nos dias de hoje, é um personagem típico carioca, do samba e do carnaval.


Filme Samba da Vila de 1956 - crédito: IMDb


zé carioca, o malandro carioca

O Zé Carioca é um personagem da Disney, inspirado no malandro carioca, figura presente em sambas e histórias carnavalescas.

Walt Disney criou Zé Carioca durante uma visita ao Brasil em 1941. Zé Carioca foi um grande sucesso nas décadas de 1970 e 1990, especialmente em revistas de quadrinhos.

ZÉ CARIOCA, história de quadrinhos, 1847, Editora Abril/Disney

malandro no sambódromo

No Carnaval 2016, a Escola de Samba Salgueiro (G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro) levou o enredo "Ópera dos Malandros" ao Sambódromo do Rio de Janeiro.

O Enredo dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage foi livremente inspirado na obra "A ópera do Malandro" de Chico Buarque de Hollanda. Confira aqui o enredo na íntegra.

EIS O MALANDRO
O Malandro no palco outra vez.
Vem chegando assim de viés,
Sambando miudinho, dizendo no pé!
Pisa suave, riscando no asfalto os passos de uma ópera bem carioca.
Uma obra em seis atos
Embalada por um samba em homenagem à nata da malandragem.
Por isso, se segura, malandro!

MALANDRO
É o tipo que entra faceiro na roda, abre o jogo e fecha com os seus.
É o Rei da Ginga, Rei da Noite, o Barão da Ralé!
Sagaz, invoca os personagens de um Rio lírico
Nesta ópera tão pomposa que só um malandro poderia sonhar.


Carnaval do Rio de Janeiro 2016 - crédito: Tomaz Silva / Agência Brasil

MALANDRO
Vai flanando triunfal por entre deuses e meretrizes, rainhas e monarcas.
Delirantes fidalgos desta magnífica ópera das ruas.
É aquele que faz das calçadas o palco das ilusões.
Atento, não dorme no ponto nem cochila na linha.
E só baixa a guarda quando o sol dá o ar de sua graça.

MALANDRO
É o mestre-sala das alcovas.
O bailarino dos salões, o cavaleiro errante dos morros cariocas.
Atua nas madrugadas, caminhando na ponta dos pés, como quem pisa nos corações.
A luz do abajour, ama a todas que quiser.
Das muchachas de Copacabana às mimosas da Praça Tiradentes.

MALANDRO
Dono deum jeito manso que é só seu de aparar os dilemas da vida no fio da navalha.
É o sujeito cordial que desfila macio entre dados, cartas e roletas.
É o rei de todos os naipes num carteado de damas, valetes e coringas.
Aquele que, mesmo quando o jogo vira contra, nunca joga a toalha.
Porque é o filho gerado no ventre da sorte, a imperatriz do mundo!

MALANDRO
É o pensador dos botequins, filósofo das mesas de bar!
O dono de um mundo que aprendeu a domar.
Poeta, comanda o cortejo na cadência bonita do samba vadio
que o luar lhe emprestou.

MALANDRO
Um homem de fé, que fecha o corpo e abre os caminhos ao próprio destino.
Que não foge à luta e que pede a paz!
Entidade saudada em mojibás, laroiês e saravás.
É aquele que entra na gira pra fazer o mundo girar.
Que guia a roda na palma da mão para sua gente ir adiante.
É o dono da rua que vive na alma de cada carioca da gema,
Povo que "Trabalha Paca"!
Que vai pro batente de todo dia chacoalhando guias e cordões no trem da Central.

MALANDRO
Astro maior desta ópera
Que segue rumo ao ato derradeiro.
E quando a luz se apagar.
A orquestra silenciar.
A poeira assentar no chão.
A plateia, de pé, em delírio.

MALANDRO
Bate palma e pede bis!
Pois, a cada carnaval, ele renasce no coração de todo bamba.
Afinal, malandro que é malandro nunca sai de cena.
Vira samba! - letra da música

1o Ato - A Nata da Malandragem
2o Ato - A Ópera Carioca
3o Ato - Pra ser viver de amor
4o Ato - Entre dados, cartas e roletas
5o Ato - Filosofia da Malandragem
6o Ato - Apoteose do Malandro de fé e de paz


Circulando entre as FANTASIAS carnavalesca e se misturando entre a COMMEDIA DELL´ARTE, e desvendando a diferença entre PIERRÔS e ARLEQUINS...



referências bibliográficas
- Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
- FUNDAÇÃO Casa Rui Barbosa, O Malho - casaruibarbosa.gov.br
- O MALHO, periódico de fevereiro de 1945, ed-61
- ZÉ CARIOCA, história de quadrinhos, 1847, Editora Abril/Disney
- SOU BRASIL, História do Malandro Carioca


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