cantinho da folia


Índios & Caboclos

As fantasias de índios e caboclos surgiram no Brasil no século 18 nas regiões Norte e Nordeste, ressaltando a raízes folcloricas e religiosas e se misturando à tradição carnavalesca. Etnia, Folclore, Religião e Carnaval. Tudo junto, tudo misturado.

Antes de mergulharmos na história desses personagens no Carnaval, salientamos que a fantasia de índio apropria da identidade e miscigenação brasileira, reforçando estereótipos racistas. Não Use! ÍNDIO NÃO É FANTASIA DE CARNAVAL!


Tribos de Índios no Carnaval da Paraíba

Os blocos carnavalescos de Tribos Indígenas desfilam na folia momesca da cidade João Pessoa, na Paraíba, com destaque a Tribo Ubirajara fundada em 1952 no bairro do Rangel. A Lei 12.452/22 reconhece as Tribos Indígenas Carnavalescas como Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba.

"As tribos são formadas majoritariamente por trabalhadores e estudantes. Muitos desses integrantes vivenciam um contexto de baixo poder econômico, desemprego ou subemprego, vulnerabilidades estas que se agravaram com os efeitos socioeconômicos da pandemia." (02)


Carnaval da Tradição 2024 de João Pessoa PB - foto Rafael Passos


Tribos de Índios no Carnaval do Maranhão

"Desde a década de 1940, todos os anos várias tribos de índios desfilam, sempre com indumentárias muito bem elaboradas e ricas em beleza, na cidade de São Luís, no Maranhão. Ao longo do tempo as brincadeiras cresceram tanto, que este ano serão homenageadas em desfile das escolas de samba." (01)


Carnaval 2013 de São Luís MA - foto divulgação


Tribos de Índios no Carnaval do Pernambuco

O Clube Indígena Canindé &ecute; um blocos tradicionais dos carnavais do Recife e Olinda, no Pernambuco. Fundado em 1897, no bairro de Afogados no Recife, o Bloco Indígena é o mais antigo em atividade no carnaval pernambucano e Patrimônio Vivo desde 2009.


Tribo Canindé no Carnaval 2017 do Recife PB
Crédito Isabella Valle / divulgação


Apaxes do Tororó

O Apaxes do Tororó é um bloco tradicional (categoria: Índio) do Carnaval da cidade de Salvador, na Bahia. Fundado por D. Constância e família em 1968, em 28 de outubro, no Bairro do Tororó, é o quarto bloco mais antigo do Carnaval de Salvador e chegou a desfilar com mais de 8000 associados na década 70.



Carnaval de Salvador 1998 - Bahia
Crédito Acervo do Bloco Apaxes do Tororó

Em 1998 completou 30 carnavais em grande estilo, com participações especiais, entre eles, Carlinhos Brown e a Banda Timbalada. No desfile de 1998, os índios das tribos Pataxó e Kiriri abrilhantaram o desfile no Circuito Osmar (Campo Grande). O Bloco desfila até os dias de hoje com com ala de frente de Índios, trio elétrico e foliões vestidos de ABADÁS (fantasia comprada).


Cacique de Ramos

O Bloco "Cacique de Ramos surgiu do encontro de grupamentos carnavalescos de jovens do bairro de Ramos, zona norte do Rio de Janeiro. A união tem como data formal 20 de janeiro de 1961. Desfilou dois anos no bairro de origem, e a partir de 1963 passou a figurar no carnaval do Centro da cidade. Daí em diante, a agremiação se firmou como um bloco de embalo, tornando-se um fenômeno de multidão, nos anos 60 e 70, ao atrair foliões de várias regiões do Rio." (04)

"O bloco se tornou referência no carnaval de rua, com seus desfiles vibrantes e a fantasia de indígena estilizado. No início dos anos 70, o Cacique pôde ocupar uma sede permanente. Em 2005 foi econhecido como Patrimônio Cultural Carioca." (04)


Carnaval 2019 no Rio de Janeiro - foto divulgação


Em 2020, diante da polêmica sobre o "cancelamento" de fantasias de índio, Bira, presidente e fundador da Cacique de Ramos, defendeu o uso de fantasias pelo grupo. Ele afirmou que elas são homenagens e uma forma de levar alegria ao povo no Carnaval do Rio de Janeiro.


Pajés de Parintins

Na cidade brasileira de Parintins, no Amazonas, o pajé e os caboclos fazem parte da apresentação folclórica e também usada nas apresentações de Carnaval no estado.

Na tradição, o pajé é uma fantasia glamurosa: vestindo roupa de couro repleta de plumas, ao qual reflete sua conexão com a natureza. Geralmente usa cocal e máscara que representam entidades espirituais ou elementos da natureza indígenas e africanas.

Na lenda local é o personagem que representa a passagem da morte do boi bumbá em ressurreição, CONTINUAÇÃO AQUI.


Pajé Erick Beltrão no Boi Caprichoso
Crédito Alex Pazuello / SECOM Partintins


CABOCLINHOS

"Presente em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Minas Gerais, os caboclinhos são classificados pelos brincantes como uma homenagem aos primeiros habitantes do Brasil." (03)
"Os caboclinhos, expressão da cultura popular de tradição centenária sobretudo em Pernambuco, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, sob registro em 24/11/2016 no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)." (03)


Caboclo de Pena

O Caboclo de Pena é especialmente no chamado "Boi de sotaque da Ilha" e também por Caboclo Real ou Peneiro, é uma figura importante na cultura popular e Carnaval do Maranhão.
O Caboclo de Pena desfila junto com o Bumba Meu Boi, é uma figura central e emblemática de sotaque de matraca, presente em municípios do Maranhão. É um bailante conhecido pela sua indumentária, com roupas adornadas com muitas penas, e por um bailado único e característico.


Caboclos de Pena no Carnaval
Crédito: Reprodução do Documentário da Prefeitura 2019

A indumentária do Caboclo de Pena é uma das suas principais características, com roupas bordadas e decoradas com penas, frequentemente penas de ema. O bailado do Caboclo de Pena é único e individual, cada bailante cria seus próprios passos e tem sua própria ginga. O Bumba Meu Boi de sotaque de matraca é uma variante da festa, presente em alguns municípios do Maranhão.


Caboclo de Fita

O Caboclo de Fita, também conhecido como Vaqueiro de Fita ou Rajado, é tradição do Carnaval do Norte e Nordeste, principalmente no Maranhão.
É um personagem que se destaca pelos chapéus grandes adornados com inúmeras fitas coloridas e participam da dança ao lado do boi, conduzindo-o e protegendo-o, como um vaqueiro conduziria o gado.


Caboclos de Fita no Carnaval
Crédito: Prefeitura de São Luis do Maranhão

Simbolismo das Fitas: As fitas é a representação da CERCA (os gravetos que compõm a cerca,, que protege o boi. Os chapéus são bordados à mão com pedrarias e lantejoulas, presos com mais de 400 fitas, além de serem grandes e pesados. A vestimenta é similar à dos vaqueiros, com calças, camisas de manga comprida de cetim e golas e saias de veludo. Em alguns sotaques, os vaqueiros dançam mais próximos do boi, dando vida e coreografando o bailado, enquanto em outros, eles podem dançar ao redor do boi, simbolizando a proteção.


Caboclo de Lança

O Caboclo de Lança é um personagem folclórico e carnavalesco do MARACATU RURAL (Bate Solto), um símbolo de força, tradição e resistência cultural. Nasceu nas zonas rurais de Pernambuco, sendo uma manifestação mais livre e espontânea.


Cablocos de Lança desfilando no Carnaval de Olinda PE
Crédito: Arquimedes Santos / Prefeitura de Olinda


O Caboclo de Lança, figura imponente que usa um chapéu de palha gigante e lança, fazendo movimentos coreográficos, acompanhado de orquestra tem instrumentos de sopro e percussão (com um "terno" de instrumentos mais reduzido e uma batida de tambor mais solta e cadenciada).



Outdoor do Carnaval 2011 do Recife PE - foto divulgação



Etnia não é Fantasia!

Não use pinturas e adereços índígenas no Carnaval.
Para os povos originários é um desrespeito à tradição e a cultura indígena.
Fique de fora dessa!



referências bibliográficas
- Pesquisadora Lilian Cristina Marcon
(01) GLOBO G1 MA - Carnaval de São Luís tem desfile de Tribos de Indios, 02/01/2013
(02) BRASIL DE FATO - 2 Encontro das Tribos Indígenas Carnavalescas acontece em João Pessoa, 27/11/2024 11h40
(03) AGÊNCIA BRASIL - Caboclinhos viram patrimônio cultural imaterial do Brasil, Recife por Sumaia Villela, 24/11/2016
(04) CACIQUE DE RAMOS - História do Bloco por Walter Pereira, caciquederamos.com.br
- G1 MA e TV Mirante - A tradição e história das tribos de índio, brincadeira do Carnaval do Maranhão, por Rafael Cardoso, Olívia Franse e Mieko Wada, 25/02/2019
- G1 RIO - No subúrbio ninguém está preocupado', diz fundador do Cacique de Ramos sobre 'cancelamento' de fantasias de índio, por Raoni Alves, 19/02/2020
- IMAGENS, os devidos créditos descritos nas images


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