origem do entrudo
A festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI, recebendo o nome de ENTRUDO, que significava introdução à
Quaresma, através de uma brincadeira agressiva (o mundo pelo avesso). Em Portugal, na capital, a brincadeira
eram "pegadinhas", como untar as maçanetas com óleos fedidos, untavam as escadas para escorregarem, serviam sopas apimentadas, etc.
Já no interior do país a folia tinha o costume de CHARIVARI (ou shivaree ou chivaree)
faziam uma serenatas de forma brincalhona e discordante, frequentemente com batendo as panelas entre si formando música ruidosa e áspera.
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por outro lado ...
Segundo Felipe Ferreira (1) : "Muitos dos deboches feitos pelos aldeões portugueses durante o Carnaval
lembram uma certa bruncadeira relatada já no século XVII, que costumava
acontecer no final da Quaresma e se chamava SERRAÇÃO DA VELHA,
que Priore(5) escreve "A cerim&ô;nia caricata de serrar a velha realizava-se durante a Quaresma.
Os dias, variavam, vindo até o sábado de Aleluia: Um grupo de foliõos serrava uma tábua,
aos gritos estridentes e prantos intermináveis, fingindo serrar uma velha que, representada, ou não por
algum dos vadios da banda, lamentava-se num berreiro ensurdecedor: Serra a velha! Serra a velha! E a velha gritando, gritando...".
entrudo chega ao Brasil
O Carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial e uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o ENTRUDO.
O entrudo, brincadeira praticada no período do carnaval, foi trazido para o Brasil pelos colonos portugueses no séculos XVII, por
Quaresma, através de uma brincadeira agressiva,
onde fazia-se esferas de cera bem finas, injetadas no interior água-de-cheiro, em que divertidamente atiravam entre si.
Os LIMÔES-DE-CHEIRO ou as LARANJINHAS erm vendidos em tabuleiros, onde eram injetados no interior a
água pura ao melhor perfume (do mais simples ao mais enfeitado).
Já os CASEIROS, fabricados em casa, continham substâncias mau cheirosas ou xixi (urina humana).
Havia também os CARTUCHOS com pó de goma ou farinha ou gesso.
E as famosas "Batalhas de Xiringas", que eram BISNAGAS ou seringas (algumas de latas), completadas com ãgua pura ou água-de-cheiro, onde eram atiravadas nas pessoas que circulavam pelas ruas e avenidas.
O Entrudo foi se tornando violento e a folia momesca foi perdendo sua alegria.
O Entrudo aportou no Brasil por duas rotas : a primeira, partindo da África de onde os negros, junto com seus cantos e suas danças, contrabandearam incosncientemente a semente do carnaval; e por outra a Européia trazida de Portugal.
entrudo na corte
fantasias do entrudo
![]() ABADÁ |
C A R E T A S | ![]() ESTEIRAS DE CATOLÉ |
ovos perfumados (Ovi Odoferi)
No Carnaval de Veneza, transformou-se uma tendência as mulheres jogarem ovos com água cor-de-rosa (enche-se de água com pétalas florais ou perfumes)
e jogava-se nos rapazes que passavam frente as suas casas, assim flertando-os (paquerando-os). Os homens mascarados circulavam a cidade enquanto as
mulheres jogavam estes ovos perfumados na frente de suas casas.
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limões de cheiro
![]() Angelo Agostini retrata o Carnaval 1884 na Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro
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entrudo brasileiro
Em 1808, o Entrudo brasileiro é a herança fiel e completa do entrudo português, com suas alacridades absolutas, aquela que fazia Filinto Elísio, em 1808, chorar em Paris com saudades do bródio lusitano :
o entrudo renasce com as bisnagas
As Bisnagas e SERINGAS eram sucesso no Carnaval do Rio de Janeiro de 1878, assim era sucesso e jornais e revistas aclamavam a boa-vinda. "Foi outrora bastantes influente para modificar ministérios e há de ser finalmente
vencido pela bisnaga, que é uma nova edição do limão-de-cheiro.
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relato de um entrudo
"No Brasil, os carnavais mais lembrados foram de 1910, ou 11, ou 12, com o Entrudo. Eu, no sobrado da Rua 15, onde preparávamos enormes limões, do tamanho de bolas de futebol, e os levávamos nas mãos, trêmulos como geléia, para
deixar cair na cabeça dos que passavam, descuidados, se segunda-feira, dia que o Entrudo era permitido, ou tolerado, pela Polícia.
Quando acertávamos em cheio, o camarada ficava pingando [...] Em geral, porém, não acertávamos e era só o susto e os desaforos também...", relato de Alceu Amoroso (3)
entrudo familiar e popular
Por volta de 1800 havia uma separaço entre Entrudo (anárquico) e o Carnaval (Organizado, uma festa para descontraçãoo das elites).
Os nobres e a elite passaram condenavam o ENTRUDO POPULAR e até mesmo o ENTRUDO FAMILIAR,considerando-o também uma prática incoviniente e bárbara.
Mas em 1855 que o Carnaval ganha força as ruas, onde os artistas e intectuais defilam fantasiadas em carros alegóricos (corsos)
e começaram a organizar um NOVO CARNAVAL inspirado nos carnavais da Europa (Paris, Nice e Veneza)
e passaram a fazer bailes mascarados e os passeios das carruagens (Corsos).
mania de seringá-la para o flerte
O Entrudo que estava perdendo populariedade no carnaval, ganha força com o surgimento das bisnagas/seringas na brincadeira. E os jornais da época anuciaram "Volta do Entrudo", que ele estava ganhando notoriedade entre os folióes novamente.
zé pereira
No Brasil, surgiu uma brincadeira carnavalesca paralela ao Entrudo, o Zé Pereira.
Grupos percorriam as ruas tocando bumbos, zabumbas e ... CONTINUAÇÃO AQUI
entrudo retratado por debret
Jean-Baptiste Debret eternizou em seus trabalhos a brincadeira do Entrudo, e relatou: "Vi, certo Carnaval em que alguns grupos de negros mascarados e fantasiados de velhos europeus imitavam-lhes os gestos...
eram escoltados por alguns músicos, também de cor e igualmente fantasiados." (7)
um dia de entrudo
No Entrudo os foliões jogavam umas contra as outras limões contendo água de cheiro ou misturas mau-cheirosas ou até urina.
Jogavam-se goma, gesso, pó-de-mico e polvilho. Uma tremenda fuleragem (bagunça).
Das sacadas das residências jogavam seringas com água ou mesmo bacias com grande proporção de água.
surge os primeiros sinais de censura aos festejos
Represália ao Entruto: No início da era Cristã, começaram a surgir os primeiros sinais de censura aos festejos mundanos na medida em que a Igreja Católica se solidificava, onde determinava que esses festejos só deveriam ser realizados antes da Quaresma. Entrudo passou a ser reprimido com ordens policiais, mesmo assim, as "laranjinhas" e gamelas com água continuavam existindo. Foi exatamente neste período que o Carnaval começou a se originar de forma diferente.
Já no Rio de Janeiro no Carnaval de 1853, o fiscal da Freguesia da
Candelária declarou a proibição do Entrudo proporcionando uma pena de quatro
a doze mil réis; e não e se nã teria de dois a oito dias de prisão.
Se fosse Escravo seria preso por oito dias, caso o seu senhor não desse cem acoites. (6)
edital de censura a folia
Edital na íntegra de 1867:
"O Dr. Antonio Rodrigues da Cunha, cavaleiro das ordens de Cristo,
Imperial a Rosa e Real Conceição da Vila Viçosa, 2º Delegado da Polícia da
Corte, por S.Majestade o Imperador que Deus guarde: Faço saber aos que o presente edital virem que se
acha em execução a seguinte postura:
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Aos fiscais com seus guardas também fica pertecendo a execução da postura. E bem assim fica proibido das 20 horas da noite até 4 horas da manhã, andarem indivíduos pelas ruas da cidade com máscaras, sendo os infratores presos e punidos com a pena de desobediência. E para que chegue a notícia de todos, mandei publicar o presente edital.
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o carnaval começa a se originar de forma diferente
Por volta de 1800 havia uma separaço entre Entrudo (anárquico) e o Carnaval (Organizado, uma festa para descontração das elites).
Os nobres e a elite passaram condenavam o ENTRUDO POPULAR e até mesmo o ENTRUDO FAMILIAR,considerando-o também uma prática incoviniente e bárbara.
Mas em 1855 que o Carnaval ganha força as ruas, onde os artistas e intectuais defilam fantasiadas em carros alegóricos (corsos)
e começaram a organizar um NOVO CARNAVAL inspirado nos carnavais da Europa (Paris, Nice e Veneza)
e passaram a fazer bailes mascarados e os passeios das carruagens (Corsos).
E a folia estava apenas começando, vamos explorar mais um pouco a História do Carnaval ...
CONTINUAÇÃO AQUI
BIBLIOGRAFIA
- Pesquisadora Lilian Crisitina Marcon
- AGOSTINI, Angelo - As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora, pag. 67 - Editora Senado Federal -SEE+
- CASCUDO, Luís da Câmara - Antologia do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro: Ediouro, Terra Brasilis
- COSTA, Haroldo - 100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro
- DEBRET, Jean Baptiste - Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, T. I, pag. 220, 1836
- TEIXEIRA, Cid (Cid José Teixeira Cavalcante) - Antologia por Cid Teixeira
- Periódico O BESOURO, Rio de Janeiro, fevereiro 1848
- Periódico O MOSQUITO, Rio de Janeiro, 05 fevereiro 1875, n282, pag.-2, ano7
- Periódico O MOSQUITO, Rio de Janeiro, fevereiro 1877
- Periódico O MALHO, Rio de Janeiro, 21 fevereiro 1903, n23, pag.-6, ano2
- Revista Illustrada, RJ, ano4, nr152, pag 7, fev 1879, Angelo Agostini
- Revista Illustrada, RJ, ano5, nr195, pag 4, fev 1880, Angelo Agostini
- Revista Illustrada, RJ, ano9, nr373, pag 4, fev 1884, Angelo Agostini
(1) FERREIRA, Felipe - O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, Edição Ediouro 2004
(2) SCHWARCZ, Lilia Moritz - Livro As Barbas do Imperador, D.Pedro II, um monarca nos trópicos, Editora Companhia das Letras
(3) AMOROSO, Alceu Amoroso Lima - As Cartas do Pai: De Alceu Amoroso Lima para sua filha madre Maria Teresa, editado por Instituto Moreira Salles
(5) PRIORE, Mary del Priore - SEE+
(6) BARRETO, Luiz Antonio - Um Novo Entendimento do Folclore e Outras Abordagens Culturais, Sociedade Editorial de Sergipe, 1994
(7) DEBRET, Jean Baptiste -Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, T. I, pag. 220, 1836)
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